terça-feira, 26 de maio de 2020

QUINTA DA GENOVESA, SOBREDA (ALMADA)

NOTA HISTÓRICA EM DEFESA DO SEU PORTAL SETECENTISTA

 (https://www.facebook.com/CentrodeArqueologiadeAlmada/photos/a.150012051716600/3172218139495961/)



Foto 1: Data de «1719» no portal setecentista da Quinta da Genovesa (Sobreda), ano em que foi adquirida pelo comerciante genovês Domingos Maria Afonso.

Segundo nos informa o Centro de Arqueologia de Almada, depois da demolição do edifício da antiga Escola Primária da Sobreda, o município prepara-se para demolir igualmente o portal da antiga Quinta da Genovesa, hoje inserido na Quinta do Noca, defronte do mesmo local.
A mesma fonte diz-nos que o referido portal está inventariado na Carta do Património Cultural como de interesse relevante, constituindo um exemplo da arquitetura rural característica da paisagem cultural do concelho e uma referência no Núcleo Histórico da Sobreda!

De facto, apesar da casa principal da Quinta da Genovesa (Foto 2) já ter sido demolida há várias dezenas de anos, sendo o espaço da mesma transformado numa moradia, actualmente utilizada em eventos e casamentos, e da própria Quinta da Genovesa ter sido divida em outras quintas mais pequenas, este portal (Foto 1 e 4) é ainda o original da propriedade, datando da primeira metade do século XVIII, época em que a mesma era então conhecida como a «QUINTA DA SILVEIRA DE JOÃO RIBEIRO LOBO» sendo depois adquirida a este último, por DOMINGOS MARIA AFONSO e sua mulher JOANA MARIA BALBI, ele um mercador e comerciante de diamantes genovês, da Rua Direita do Loreto, cujo pai, João Baptista Afonso, fora «alfaiate de Sua Magestade, com luzido tratamento com carruages e capelão», e que se estabelecera em Lisboa em 1709, e ela filha de pai italiano, Bernardo Balbi, e mãe portuguesa, Luísa Josefa do Espírito Santo, moradora em N.ª Sr.ª do Loreto.



Foto 2: Antigas casas nobres da Quinta da Genovesa (vista poente ?), Col. Alexandre Magno Flores (a quem agradecemos a autorização de publicação), pub. Quintas e Casas Senhoriais do Concelho de Almada: Visita Cultural (Folheto), Associação Amigos da Cidade de Almada, 6 de Julho de 2002.

AS ORIGENS MEDIEVAIS DA QUINTA DA GENOVESA

Já no início do século XVIII, a propriedade, que hoje conhecemos como Quinta da Genovesa, pagava todos os anos um foro de 3$200 réis à COLEGIADA DA IGREJA DE SÃO MARTINHO DE SINTRA, foro esse que, de acordo com os documentos da mesma Colegiada, tinha origem numa doação que um LOURENÇO MARTINS MOURATO lhes fizera, antes do ano de 1489, da sua «QUINTA DA SOVEREDA, EM ALMADA», para que, com os seus rendimentos, se celebrassem naquela igreja seis aniversários (i.e. seis missas anuais de sufrágios). Não sabemos em que ano fora feita esta doação, apenas que a mesma é mencionada num alvará daquela data, segundo o qual João Gil, chantre cónego da Sé de Lisboa, prior de Santa Maria de Torres Novas, em nome de Dom Jorge da Costa, Cardeal em Roma e Arcebispo de Lisboa, manda restituir a Duarte Fernandes, vigário de São Martinho de Sintra, toda a renda da mesma quinta de que os beneficiados da sua igreja se tinham apropriado.

Temos assim que, já na penúltima década do século XV se menciona esta Quinta da Sobreda, depois dita da Silveira, ou da Genovesa, que deste modo tem, pelo menos, mais de 530 anos de história!

Contudo esta será certamente bem mais antiga, acaso este Lourenço Martins Mourato seja parente, ou até mesmo filho de um Gomes Lourenço Mourato, senhor em 1362 de uma Quinta em Colares (LISBOA, 1957: 127), localidade que à data se incluía nos limites da freguesia de São Martinho de Sintra, talvez mesmo o Lourenço Martins, escudeiro do Infante Dom João, que em 1394 vivia na mesma vila de Colares.
De resto, os documentos da Colegiada de São Martinho de Sintra, hoje existentes no Arquivo Nacional / Torre do Tombo (ANTT), contam-nos um pouco mais da história desta vetusta propriedade. Dizem-nos que a «Quintã da Sovereda, termo de Almada», confrontava em 1505 com um caminho do concelho que passava por detrás das casas da mesma quinta e com outro caminho que ia perante a vinha de Maria do Lumiar, e com vinha de Rui Gil e com Afonso de Almada, andando então na posse de ÁLVARO GUEDES, cavaleiro da Casa Real, e sua mulher LEONOR CARDOSA, moradores em Lisboa (e senhores da Quinta da Granja, na Caparica), e que estes não pagavam então o devido foro e pensão à dita Igreja, havia já 3 ou 4 anos, e que a mesma quinta estava danificada em casas e vinha, pelo que precisava de benfeitorias que foram então avaliadas em vinte cinco mil réis (25$000 rs), ordenando-se a estes que abrissem mão da quinta aos senhorios directos dela, a dita Igreja de São Martinho de Sintra.

Dizem-nos, igualmente, que em 23 de Abril de 1541, a «Quinta sita onde se chama a Sovereda, em Almada», pertencente à Igreja de São Martinho de Sintra, andava aforada a uma ISABEL FERNANDES, mulher de RODRIGO DE MORAIS, que dela pagava um foro de 2$300 réis e duas galinhas à dita Igreja; que a mesma houvera esta propriedade por renúncia de LEONOR DA GRÃ e seu marido ESTÊVÃO GARCÊS; e que na referida data a mesma propriedade foi vendida a um CRISTÓVÃO FERNANDES, com todos os encargos em que estava onerada.

Depois, encontramos um lapso documental durante todo o século XVII e até ao início do século XVIII, época em que voltamos a encontrar uma referência à mesma quinta, numa escritura existente no Arquivo Distrital de Setúbal (ADSTB), pela qual Bernardino Freire de Andrade arrendou a sua Quinta da Silveira no sítio da Urraca em 6 de Junho de 1710. Sabemos por este documento que a actual Quinta da Genovesa, então apenas dita da Silveira ou de João Ribeiro Lobo, confrontava a norte com a dita Quinta de Bernardino Freire de Andrade (que por sua vez tinha ao norte a Quinta da Cerca do Conde de São Miguel), e ao nascente com a Quinta de Fernão Jacques da Silva e estrada pública que vai para a Sobreda.
Este documento é particularmente relevante, porque nos mostra que o sítio da Silveira, onde hoje se situa a Quinta da Genovesa, tinha já nos inícios desse século XVIII vários prédios rústicos caracterizados como «Quintas», mas que ainda nos inícios do século XVI, como mostra o documento de 1505, eram apenas simples vinhas, sem qualquer referência aparente a quintas, casais, assentamentos de casas ou lugares com casas, para lá da própria Quinta foreira à Igreja de São Martinho de Sintra!
Prova-se assim quão antigo é o assentamento e fundação da casas originais da actual Quinta da Genovesa.

CASAS NOBRES SETECENTISTAS DA QUINTA DA GENOVESA


Foto 3: Nicho na parede do lago existente no pátio da quinta, Col. Centro de Arqueologia de Almada (SOBREDA, 2013)

Foi no ano de 1719 - data assinalada no portal, de baixo do nicho (Foto 1 e 4) - , que Domingos Maria Afonso veio a estabelecer-se na Sobreda adquirindo esta propriedade rústica no sítio da Silveira, vara da Sobreda, Caparica, a João Ribeiro Lobo, a qual era um prazo da Igreja de S. Martinho de Sintra.
Aqui, este comerciante genovês, ainda casado com sua primeira mulher, Joana Maria Balbi, fez nesta propriedade «grandes bemfeituranças», transformando-a numa quinta com «cazas nobres com sua hermida», e que tinha o seu jardim, com um lago e um nicho (Foto 3), provavelmente à imagem de outras propriedades nobres das redondezas (Zagalos, Caiados e Conde de São Miguel).
Uma das benfeitorias foi, como se vê, uma ermida ou capela dedicada a Nossa Senhora do Carmo, aberta ao culto em 1722, por Provisão do Cardeal Patriarca de Lisboa dada em 8 de Outubro do mesmo ano, conforme registam os autos da petição de licença para nela se dizer missa (Doc. 1). Contudo, já em 22 de Junho de 1722, Domingos Maria Afonso, e a sua mulher Joana Maria Balbi, moradores em Lisboa, na Rua da Ametade dentro das portas de Santa Catarina, haviam feito dote e obrigação de 12$000 réis cada ano, pagos nos rendimentos da sua quinta chamada da Silveira, para a fábrica, «ornato e guizamento» da Ermida de Nossa Senhora do Monte Carmo, que «estavam fazendo» na referida quinta, sita na Freguesia de Nossa Sr.ª do Monte do Lugar de Caparica (Doc. 2). Nossa Senhora do Carmo, cuja imagem estaria igualmente no nicho do portal principal da quinta, que agora se quer demolir (Foto 4).

  Foto 4: Portal e nicho da antiga Quinta da Genovesa (1722), Col. Rui Mendes (2012)

Todas estas benfeitorias valiam, então, com a compra, um valor total de oito mil e quinhentos Cruzados (8:500 Czds), ou seja três contos e quatrocentos mil reis (3:400$000 rs), e foram nomeadas por Domingos Maria Afonso, no ano de 1733, à sua segunda mulher, MARIA TERESA DA ENCARNAÇÃO «A GENOVESA», a quem a quinta deve o nome, e de quem Domingos Maria teve 3 filhos - Ângelo Maria Afonso; - José Joaquim Maria Afonso; e - Vicente Maria Afonso, todos falecidos jovens e sem geração.
Já da
 sua primeira mulher, Joana Maria Balbi, tivera 3 filhas: - Ana Maria Leonor, freira no Convento das Flamengas; - Maria Madalena Afonsa, mulher de João Pereira Bandeira (já viúva em 1733); e - Teresa Maria Afonso, casada com Tomé Pinheiro, e em segundas núpcias com Inácio José da Serra, criado de El Rei, depois Cavaleiro da Ordem de Cristo e Sargento Mor na vila de Belas, cujo casamento que se realizou na capela desta quinta (1739).
Domingos Maria Afonso faleceu nesta quinta em 6 de Novembro de 1745, mas a viúva por cá ficou até à data da sua morte, cerca antes de 1775, ano em que aqui se regista um José António de Bastos, «assistente na quinta que foi da Genoveza».

O nome = QUINTA DA GENOVESA = por vezes deturpado em Quinta da Genoveva, é pois a memória dessa Sobreda e Caparica antigas dos séculos XVI, XVII e XVIII, onde, alguns dos estrangeiros mais abastados de Lisboa, muitos deles de origem italiana, tinham as suas casas de campo na Sobreda, como os Unzell da Quinta do Salgado, Andrea da Quinta da Várgea, Virgolino da Quinta do Lazarim, estes Afonso da Quinta da Genovesa.



A QUINTA DA GENOVESA NO SÉCULO XIX

Depois da morte da «Genoveza», a propriedade foi legada por seus herdeiros à Confraria dos Clérigos Pobres de Lisboa, doação contestada por HENRIQUE MANUEL DA COSTA PEREIRA, a quem foi adjudicado o senhorio útil da mesma ,por Alvará de D. Maria I datado de 2 de Setembro de 1783.
Sucederam-se então vários proprietários e, em meados do século XIX, a quinta chegou mesmo a pertencer à INFANTA DONA ANA DE JESUS MARIA, filha de D. João VI, casada com o 1.º DUQUE DE LOULÉ, de quem depois se vem a separar, casando este com a INFANTA DONA ANTÓNIA (Foto 5).


Foto 5: Infanta Dona Ana de Jesus, Duque de Loulé e Infanta Dona Antónia, antigos proprietários da Quinta da Genovesa, na Sobreda, Col. Wikipedia.

Por arrendamento do Duque de Loulé, aqui veio depois a residir BERNARDO VICTOR LÉON DAUPIAS (Lisboa, 20.3.1835 + Monte de Caparica, 23.11.1906), filho dos Barões de Alcochete, neto e bisneto dos conhecidos Jacome Ratton (filho e pai), com sua mulher, DONA HENRIQUETA SOFIA DA COSTA SIMAS, antes de se estabelecerem definitivamente na sua Quinta de Santo António das Conselheiras (actual Creche do Monte de Caparica); e aqui residiam, por ex., quando em 1877 venderam ao famoso Deputado da Nação, José Maria dos Santos, a sua parte da Herdade da Barroca de Alva, que veio depois a fazer parte da conhecida Herdade do Rio Frio, em Palmela.

Já no século XX pertenceu a JOSÉ NUNES LOPES, que aqui vivia no ano de 1920, e depois aos seus herdeiros, mantendo ainda, e até à década de 80 do século passado, a sua configuração setecentista (Foto 6), hoje desaparecida.


Foto 6: Pátio, casas nobres e Ermida da Quinta da Genovesa (1981), Col. Centro de Arqueologia de Almada (SOBREDA, 2013)

Assim, e apesar de já não restarem nesta propriedade, quer as casas originárias do século XV/XVI, quer as casas nobres e capela do século XVIII, conserva-se ainda o seu portal setecentista, que nosso entender deve ser, não só preservado, mas também ser-lhe concedida uma maior dignidade, que infelizmente agora não tem! 

E sobretudo este não deve ser simplesmente demolido!

Estamos a falar, como atrás referimos e provámos documentalmente, de uma quinta da Sobreda, que é não só histórica, como provavelmente uma das mais antigas desta zona, senão mesmo a mais antiga, e das poucas de que ainda existem alguns vestígios na actualidade!

RUI MANUEL MESQUITA MENDES
Caparica, 26 de Maio de 2020

Fontes Bibliográficas:
ALMADA, Associação Amigos da Cidade de Almada, Quintas e Casas Senhoriais do Concelho de Almada: Visita Cultural (Folheto), 6 de Julho de 2002.
ARCOS, Conde dos, Caparica através dos Séculos (2 Vols.). C.M. de Almada, 1972-74.
FLORES, Alexandre Magno, Quintas e Casas Solarengas do concelho de Almada (inédito), s.d.
LISBOA, C. M. de, Documentos do arquivo histórico da Câmara Municipal de Lisboa: Livros de Reis, Volume 1, 1957.
MENDES, Rui Manuel Mesquita, "Património Religioso de Almada e Seixal: Ensaio sobre a sua história no século XVIII", in Anais de Almada : Revista Cultural, n.º 11-12 (2010), pp. 167-138, disponível em: <https://www.academia.edu/640421/>
MENDES, Rui Manuel Mesquita, O Património Religioso da Sobreda: Notas sobre a sua História, Comunicação feita na Sobreda, em 8 de Outubro de 2011.
MENDES, Rui Manuel Mesquita, Virgolino, Afonso e Andrea – Três famílias de origem italiana e as suas quintas da Outra Banda (Contributos para o Estudo da História da Sociedade e do Património da Freguesia da Sobreda nos séculos XVIII e XIX), Comunicação feita na Sobreda, em 13 de Outubro de 2012.
MENDES, Rui Manuel Mesquita, Guião do Passeio do Património Religioso da Sobreda, 2013.
MENDES, Rui Manuel Mesquita, "Câmara Eclesiástica de Lisboa : Contributos para o estudo da presença dos italianos e famílias de origem italiana na região de Lisboa (séculos XVI, XVII e XVIII)", in Scrigni della memoria. Arquivos e Fundos Documentais para o estudo das Relações Luso-Italianas, Série monográfica Alberto Benveniste, n.º 8 (2016), pp. 115-150, disponível em: <https://www.academia.edu/35047172/>
SOBREDA, Junta de Freguesia da, Sobreda: Património e História. J. F. da Sobreda, 2013.
VIEIRA JÚNIOR, Duarte Joaquim, Villa e Termo de Almada: Apontamentos antigos e modernos para a História do Concelho. Imprensa Lucas, 1897.


Fontes inéditas:
ADSTB, Cartório Notarial de Almada, Livro 62, 2ª parte, fl. 60.
ANTT, Colegiada de São Martinho de Sintra, mç. 12, 2ª parte, docs. 93, 94, 95 e 292.
ANTT, Viscondes de Vila Nova de Cerveira, cx. 5, doc. 5.

Documentos:

1) PETIÇÃO Â CÂMARA ECLESIÁSTICA DE LISBOA
«Ill.mo R.mo Sr. / Diz D.ºs M.ª Affonço m.or na freg.ª de N. Sr.ª do Monte de Caparica termo da v.ª de Almada que na sua quinta da Silveyra se acha edificada hua Capella com a decência com titolo de N.ª Sr.ª do Carmo para nella se venerar a dita Sr.ª e se dizer missa para remédio dos moradores daquele sítio q dista mt.º da freg.ª e p.ª se dizer missa nesta necessita de licença de V. Ill.ma R.ma. / P. A V. Ill,ma e R.ma seia servido dar-lhe a dita licença precedendo as deligências necessárias. / E. R. M.ce || DESPACHO || P.P. de lic.ª e se registe na Câmara o dotte em q ficarão também estes.
Lix.ª Occ.tal, 2 de 8.bro de 1722. P.P.»
Pub.: MENDES, 2016, anexo 4.

2) ESCRITURA DE DOTE DA FÁBRICA DA ERMIDA
«Em nome de Deos Amen Saibam quantos este instrumento de Dotte & Obrigação virem que no Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil sette sentos e vinte e dous em vinte e dous dias do mês de Junho na Cidade de Lx.ª Occidental à Rua da Ametade dentro das portas de Santa Catherina nas cazas de morada de Domingos Maria Affonso e estando ele ahi prezente e bem assim sua molher Joanna Maria Balby pellos quais foy dito perante mim Taballiam e testemunhaz ao diante nomeadas que eles tem e pessuem huma quinta chamada da Silveira sita na Freguezia de Nossa Sr.ª do Monte do Lugar de Caparica, na qual estam fazendo huma Ermida por Envocação de Nossa Sr.ª do Carmo e porque para nella se celebrar o sacrefício da Missa lhes he necessário na forma das Constituiçoens deste Patriarchado fazerlhe Dote para seu [fl.] ornato e guizamento querendo assim dotalla disseram portanto elles Domingos Maria Affonso e dita sua molher que por esta escriptura E pella via milhor de direito Dotam a dita Ermida por emvocaçam Nossa Senhora do Carmo da sua quinta da Sylveira Freguezia de Caparica com doze mil reis cada anno para seu ornato e guizamento os quais doze mil reis desde logo impõem nos rendimentos da mesma quinta e mais bem parado delles para que de hoje em diante emquanto o mundo durar e elegia ? a dita quinta e rendimentos della obrigados e vinculados a este Dote o qual elles outorgantes prometem e se obrigam em seus nomes e de todos seus sucessores herdeiros e descendentes se sempre e em todo o tempo [fl.] terem cumprirem e guardarem e de não hirem contra ella em parte nem em todo em Juizo ou fora delle revogalla nem reclamalla por nenhuma via que seia mas antes a seu cumprimento obrigam geralmente seus bens. E por especial a dita quinta e seus rendimentos; E aseitaram E eu Taballiam por quem tiver auzente sendo testemunhas prezentes Manoel de Oliveira e Francisco Rodrigues Lima q escrevem no meu escriptorio. E eu Taballiam conheço a elles outorgantes serem os próprios aqui contheudos que na nota assignaram & testemunhas. Manuel de Passos de Carvalho, Taballiam o escrevy // Domingos Maria Affonso // Joanna M.ª Balby // Manoel de Olivr.ª // Francisco Rodrigues Lima // Eu sobscrito Manoel de Passos de Carv.º, Tabalião p.co de notas por El Rey // [fl.] nosso Sr. na Cidade de Lx.ª Occ.al e Oriental e seus Termos este instrom.tº do meu Livro de notas a que me reporto foi treslado sobscrevi e asiney .. [sinal público] [Assinatura de Manoel de Passos de Carvº]».
Pub.: MENDES, 2016, anexo 4.

7 comentários:

  1. Ótimo apontamento! Parabéns, e que sirva para suster o pseudoprogresso.

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  3. Maravilhoso artigo, que muito me agradou descobrir e ler! Chamo apenas a atenção para o facto de que Vicente José Maria Afonso, que em vida foi conhecido como Vicente José Maria Afonso Balbi (ou Balby), nascido em 5 de Abril de 1743 (Nossa Senhora do Monte, Caparica), teve descendência (é, por exemplo, 7º avô do meu cunhado) e faleceu cerca de 1803. O seu irmão Ângelo Domingos Maria Afonso Balbi (ou Balby) foi, aliás, seu padrinho de casamento, em 16 de Novembro de 1764 (Santa Isabel, Lisboa). Considero espantoso e peculiar que os filhos de Domingos Maria Afonso e Maria Teresa da Encarnação (como consta dos seus registos de baptismo) tenham adoptado em vida e passado aos seus descendentes o apelido de Balbi (ou Balby), nome da primeira mulher do pai.

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  4. Sou descendente directo de Joao Franco Monteiro que teve direito ao prazo da quinta da genovesa e, por óbito deste, teve direito ao mesmo prazo seu fijho Graciano Franco Monteiro. O dito Joao Franco Monteiro foi primeiro medico da real camara, fisico mor do reino, cavaleiro professo na ordem de cristo e fidalgo da casa real, encontrar-se alguma informação sobre os mesmos titulares do prazo da quinta?

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    1. Na primeira metade do século XIX na posse da firma João António de Almeida Filhos, C.ª até que em 1843 foi à praça por execução do proprietário feita pelo Padre Filipe Monteiro Franco, por si, e como cessionário de seu sobrinho Manuel Antunes Franco Monteiro. Era então ainda um «prazo em vidas, foreiro à colegiada de S. Martinho de Cintra em 3$200 réis, laudémio de quarentena» ( ).
      Tanto quanto julgo saber, havia uma família Franco Monteiro em Alenquer, onde o Capitão José Franco Monteiro, do Lugar da Cortegana, freguesia da Ventosa, tinha casas nobres com Oratório erigido em Ermida publica em 1832, se baptisou um filho de Manuel Antunes Franco Monteiro em 1840.
      Ao que nos informa o Conde dos Arcos, a propriedade pertenceu depois, embora não diga quando, à Sereníssima Infante Dona Ana de Jesus Maria (+1857), filha de el-rei D. João VI casada com o 1.º Duque de Loulé. (Caparica Através dos Séculos, 1972, Vol. I, pág. 80 e Vol. II: Roteiro, pág. 40). O prazo da Quinta da Genovesa estava à venda em 1851 e 1854, sendo já seu enfiteuta, o Duque de Loulé, em 1884, ali residindo, não sabemos a que título (senhorio ou arrendatário), Bernardo Victor Daupias e s.m. D. Henriqueta Sofia da Costa Simas Daupias (1877) e Balbina da Conceição Cardoso (1888).

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    2. Muito obrigado por este seu esclarecimento!
      O Padre Filipe Franco Monteiro era irmão do dito Dr. João Franco Monteiro. Por testamento (cujo original tenho em minha posse), datado de 4 de Abril de 1851 e aberto em 20 de Novembro desse mesmo ano, refere-se o seguinte: "Nomeio no meu filho Graciano a Quinta da Genovesa que é prazo em vida à cadeira paroquial de São Martinho de Sintra em 3$200...".é portanto perfeitamente natural que em 1851 o referido prazo tivesse sido posto em venda(?) Se houver informações mais detalhadas acerca da Famila Franco Monteiro/ Antunes Franco que possa disponibilizar fico-lhe muito grato. Uma filha de Joao Franco Monteiro (Maria das Necessidades FM) casou com Joao Lobo Garcez Palha de Almeida, sendo ambos meus trisavos. Tenho também um quadro da autoria de Maximo Paulino dos Reis, representando o Dr. João Franco Monteiro cuja imagem posso disponibilizar se tiver interesse nessa sua louvavel iniciativa de alertar para a salvaguarda (daquilo que resta) dessa antiga e importante quinta, e da sua vasta história. Tanto a familia franco monteiro como os lobo garcez palha de almeida eram oriundas e tinham propriedades em alenquer, onde ainda hoje também eu tenho uma antiga propriedade por heranca dos meus pais.Como poderei ter o seu email para lhe enviar uma imagem do quadro acima referido? Melhores cumprimentos Pedro

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